quarta-feira, abril 27, 2005

dança da chuva

dance!
até a chuva de tsunamis inundar
as ranhuras de sol penetrar
as fissuras do vazio transbordar

dance!
até a chuva o nada preencher
e aqui nas profundezas
algo de novo brotar em meu ser

dance!
até a chuva a tudo inundar
a cidade ser tomada pelo mar
e eu não ter mais que rimar

Dance

Lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-ra-lá-ra-lá-lá-rá-lá!!!Tchu-tchu-tchu-tchu-tchu-tchu-tchu-ru-ru!!!Tchan-tchan-tchan-tchan-tchan-tchan-tchan-ra-ran-tchan-ra-ran-tchan-ra-ran!!!

Dance com a vida!

segunda-feira, abril 25, 2005

Prisão

o que eu acho ?
acho que eu nao acho nada.
nada eu acho embora nada já é alguma coisa.
nada e coisa nenhuma é a mesma coisa.
sendo coisa acaba sendo.
é.
pois nada é.
parece asneira mas não é.
parece babaquice mas não é.
parece coisa nenhuma mas acaba sendo coisa alguma.
quando alguem te diz obrigado vc responde: de nada.
não é por acaso.
por acaso, nada é muita coisa já.
quando alguem te pergunta depois de te fazer uma puta sacanagem: "o que vc tem?" e vc já puto da vida responde: "não é nada não".
po esse nada é muita coisa. e que coisa tenebrosa esse nada é.
é um nada que de tanto acaba sendo demasiado e é preferivel ser nada mesmo.
- é, não é nada não.
"sua voz está estranha. vc está tão estranho."
- é, não é nada não.
"vc está espumando"
- é, não é nada não.
"o que está acontecendo? suas veias da testa estão pulsando ..."
- é, não é nada não.
"meu deus!!! seu cabelo!!! está caindo!!!! sua cabeça!!! está crescendo!!!"
- é, não é nada não.
"caraca socorro!!!!!" - 190 - "o cara está tendo convulsões aqui!!!!"
- ai relaxa que não é nada não.
sirenes ambulancias fogo por todo lado ... a terra treme ... mega cabeção a vista e veias pra todo lado ... maremoto de lagrimas e babas ... megatons de cogumelos atomicos .... ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
- mas aê ... não esquenta não que não é nada não.

Liberdade

Acredito que temos algo especial, algo que é comunicado além das palavras. Além de qualquer conversa. Algo que só nós vemos. Que nos faz pensar que temos algo que o resto das pessoas não tem, ou não se dá conta. É por isso que este blog existe.

Aqui se escreve o que quer. Sem estar de caso pensado. Sem banca para julgar nossas contradições, paradoxos. Mas mesmo assim, deve-se ter coerência, expressar algo que seja nosso, algo com algum significado, que seja minimamente interessante. Pois senão vira-se um completo neandertal. Não é essa a idéia. Acredito que a idéia desse blog seja destituir-se de todos os complexos, de todas as limitações, de toda a insegurança (e quanta insegurança) que ainda resta em nossos julgamentos. A idéia é sermos nós mesmos. Conhecermos a nós mesmos. Por mais paradoxal que isso possa ser em última análise. É colocar publicamente nossas crises, julgamentos, confusões, para termos a certeza de que somos normais, de que somos humanos, demasiadamente humanos. O ser humano é contraditório. Comunicar o que se passa em nossa alma, nossos pensamentos mais secretos e incomunicáveis. É essa a idéia. O que acha verme? Qual o significado de tudo isso?
Boa sorte para nós.

segunda-feira, abril 18, 2005

eu e mais eu e mais um pouco de mim

hj foi meu primeiro dia de terapia. engraçado a terapia ser no mesmo local que meu pai já estivera internado surtado de crise esquizofrênica - o ipub ao lado do pinel - e no mesmo local por onde passo quase todo fim de semana a caminho da urca ... escalar. passei pelo portão de ferro e fui quase que instintivamente guiado pro mesmo local aonde meu pai ficava internado achando que lá era o ambulatório. no jardim aonde os internos vão "passear" tinham placas escritas não sei se pelos internos ou por quem mas a primeira que eu vi foi: "isso é um lírio não um delírio". me incomodou. o outro que vi foi: "fonte dos desejos", em frente a um chafariz imundo inoperante e sem água. perguntei a uma mulher aonde era o ambulatório e ela disse que não era ali mas acolá. fui até acolá. a moça da recepção disse que a "minha" terapeuta ainda não tinha chegado então fui pro jardim dos internos pq lá tinha uma lanchonete. pedi um pão de queijo e um mate. fiquei reparando nos internos andando vegetorobóticos entupidos de remédios. e querendo virar o rosto para não olhar pra eles vi em baixo de uma árvore mais uma plaquinha daquelas com os dizeres: "o eu é uma árvore". querendo virar o rosto acabei levando um tapa na cara.continua me intrigando quem escreveu as placas. se foram os internos, é uma crítica feroz. se foram os médicos ... não sei nem o que dizer.no mais, a terapia foi boa. de cara já gostei. falava e falava e quando esperava algo de volta como acontece de costume quando conversamos com amigos, nada vinha. eu começava a rir. e falava e falava. depois parava. e minha cabeça vinha me falar: "você está se expondo muito". mas é pra isso que eu estou aqui. pra ver minhalma, descobrir o que eu quero. descobrir o que sou. mais falatório: eu, eu, minha família, meus pais, meu pai, meu padrasto, meus diversos pais. minha insatisfação. minha inconstância. minha impermanência. meus desamores. quanta coisa em menos de uma hora. suava. ria de nervoso. e o olhar impassível dela fixo em mim. e eu olhando pros ladrilhos brancos numa sala fechada. saturei-me de mim mesmo. sai de lá rindo. e pensei na resposta que dei quando ela me perguntou o que eu estava fazendo ali. a resposta foi verdadeira mas não foi A resposta. a verdadeira resposta seria: "quero descobrir o que eu quero REALMENTE. livre de qualquer falso querer." é essa minha atual busca - saber o que buscar.

domingo, abril 17, 2005

Online

Finalmente conectado. O corpo e o espírito são uma coisa só. Não se separam nem por um instante. Até porque só há o instante. O agora. O presente sem duração. Mas isso é insuficiente. A filosofia é só metade do caminho. Agora compreendo. O caminho é o caminho do meio. Deus encarnado. O espírito se dá no corpo, e o corpo é o espírito feito matéria. Não há um caminho para fora. Não existe dentro e fora. Nada se separa. Não há multiplicidade. Só há o um. Spinoza. Uma substância. Mas isso continua sendo só filosofia. Sem o corpo, sem a experiência, a filosofia não faz o menor sentido. É punheta mental. Masturbação sem ejaculação. Mas o corpo sem o espírito é somente um defunto. Morto. Os opostos se complementam. Tudo conectado.
Mas o caminho, embora nunca tenhamos saído dele, é longo e árduo. A iluminação não se dá no fim do caminho, mas sem o caminho não há iluminação. A iluminação é compreender que só há o Um. Não há separação. Corpo e mente. Alma e corpo. Eu e você. Deus e Eu. Dia, noite, amor e ódio. Tudo e nada. Eu e a vida. Chorar é uma compreensão disso. Estamos salvos. Sempre estivemos. Só nos resta nos darmos conta disso. O caminho é penoso. Mas é só um caminho. Só há um caminho. Já estamos nele.

sábado, abril 16, 2005

TAO QUAO

no parque lage, enquanto vc estava no curso de taoismo eu estava no meio da trilha procurando a base de uma escalada na face sul do corcovado.
ambos à procura.
tao quao selvagens em busca do conhecido desconhecido.
depois de subir por uma trilha ingrime, meu coração a 9999 bpm, no meio da mata completamente fechada sem conseguir ver direito aonde estava, veio uma clareira e pude ver o imenso paredão a minha frente. essa parede colossal, virada pra lagoa, desde de pequeno me facinou.
parei.
o coração batendo forte.
meus olhos virados pro paredão.
o som do coração.
o som dos pássaros.
das cigarras.
dos carros.
dos helicópteros.
meus olhos 360º.
respiração ofegante.
duas borboletas azuis imensas.
insetos a contra luz.
poeiras a contra luz. (spielberg morreria de inveja ...)
arrepios intensos vindo pela coluna até a nuca.
meu cabelo arrepiando-se.
lágrimas nos olhos.
tak tak putz tumq tumq plaxssssss !!! caracaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa !!!!
tudo se conectou !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
sou parte integrante disso !!!! como a natureza é perfeita !!!!!! nem onda de ecstasy chega perto do que senti. foi tão forte, mas tão forte que chorei. chorei. e agradeci a deus e a todos os santos por isso. virei um macaco. um átomo. um inseto. de tudo depois me reduzi a nada. esfarelei. e me reconstitui.
santa beatitude ultrasônica sintônica cósmica !!!!!

escrever

sem nada pra escrever
sem vontade de nada escrever
apenas essas palavras sem sentido no momento
essa necessidade de escrever sem ter nada a dizer
apenas o dizer nada pra escrever o que bem entender
se bem que se quizer entender: nada a dizer !

Minotauro

A luta é interna, travada no labirinto da própria psiquê. Mas o labirinto agora já é conhecido. Muitos já passaram por ele. Jesus, Buda, Maomé...Todos os verdadeiros homens/heróis. Temos apenas de seguir o fio de Ariadne. Porém, o Minotauro, o grande dragão, continua a espreita, esperando no fim do labirinto de nossa própria mente. Ainda temos de enfrentá-lo. Ou você acha que pode chegar a verdade sem passar pelos mesmos obstáculos que os heróis de outros tempos?
O grande inimigo é o próprio herói que se aventura no caminho da espiritualidade. O dragão que habita dentro de si mesmo. O minotauro é o aspecto terrível do mistério da própria vida. Apenas vencendo esta batalha é que se pode chegar ao Ser. Ao centro de nossa própria existência, que está dentro de nós. Os deuses são apenas simbolos, imagens projetadas da propria energia que habita em cada um de nós. Satan é apenas a matéria que projeta a sombra da luz do que nós realmente somos. Somos luz. O inferno é identificar-se com a sombra e não com a luz.

segunda-feira, abril 11, 2005

sábado, abril 09, 2005

Desejos

O rio permanece poluído
Mas o rio
Não é para ser visto
Mas sentido
Através da sujeira
Do esgoto moral
Do óleo
Fabricado
Na indústria
Da própria vida

Subconsciente

Tenho sonhado com serpentes...o pai cobra está exigindo meu prepúcio...ele está vindo me pegar...

VAIDADE

Preso do lado de lá
O universo inteiro
Dentro de minhas entranhas
Todo o amor dilacerado
Flutuando


"E lá, onde pensávamos encontrar uma abominação, encontraremos uma divindade.
Onde pensávamos matar alguém, mataremos a nós mesmos. Onde pensávamos viajar para o exterior, atinjiremos o centro da nossa própria existencia. Onde pensávamos estar sozinhos, estaremos com o mundo inteiro".

Joseph Campbell

quarta-feira, abril 06, 2005

mar

tenho tido sonhos acordado acordeon.
pastos secos. planícies secas. lampião. bois esqueléticos famintos. urubus.
e ao longe nada.
meu pé seco rachado andando vagando perdido. não por não saber aonde estou.
perdido sem ter pra onde ir. sem ter vontade de ir aonde ir.
apenas vagante. galopante.
visto jeans e nenhuma camisa. um colar de couro. barba por fazer.
suor escorrendo por cima do anterior já ressecado.
paro. descanso.
olhar perdido perto de uma falésia com pequenas gramíneas. arbustos secos. tudo seco.
inclusive minha boca.
sol. muito sol.
lagarteado estou embaixo de uma arvore.
a falésia cor ocre ao meu lado e a árvore são minhas únicas proteções aqui.
me sinto no filme do glauber "dragão da maldade contra o santo guerreiro".
será dele que me vem essas visões ?
ou o filme me despertou lembranças adormecidas de outras vidas em minhas células ?
o que faço aqui nesse lugar ?
espero "uma mulher com os olhos de trovão".
não sinto fome.
não sinto sede.
não sinto tristeza.
não sinto felicidade.
não sinto vontade de rir nem de chorar.
não sinto nada.
apenas contemplo.
aqui não tenho passado futuro presente.
aqui estou.
aqui sou.

crises

até para criarmos o nome do blog foi dificil .... pra ver como é a crise ....