sábado, dezembro 22, 2007

A Grande Travessia

O ovo se quebra e o Pai se faz presente - "Ele está no meio de nós". Cristo com a sua espada samurai desfere apenas um golpe, cortando o ego ao meio e obrigando-o a expandir a sua experiência.

A crise irrompe. Nada é mais seguro. Controlado. A mente não dá conta de traduzir o que foi experienciado. A linguagem agora é completamente inútil. O pensamento acelera e, em círculos de fogo, tenta explicar o que não pode ser explicado. Apenas vivenciado. Sentido.

O coração desperta. O mundo se desfaz e se refaz novamente. A mente começa a projetar mundos familiares alucinadamente. O dia escureçe e a "noite da alma" surge para destruir tudo o que sempre foi certeza psicótica. "Pai, porque me abandonastes?"

Os desejos agora aparecem como o que sempre foram verdadeiramente: brincadeirinhas de criança. Falso. Infinito sofrimento. Ilusão.

O passado não existe mais. Apenas o momento presente. Eterno. Não há saída. O futuro se mostra como ele sempre foi verdadeiramente: uma miragem em que a mente se agarra para não sucumbir à eternidade. A mente só traduz o que pode ser incluído na "história". Mas agora não existe mais o tempo. Apenas a eternidade.

O coração está desperto e o miserável "sujeito" faz de tudo para se agarrar ao "mundo real". - "Devo estar ficando louco" - diz o pensamento.

Uma coisa é conhecer o caminho. Outra é atravessá-lo. O ritual de iniciação macabro deve ser experienciado até o fim.

O corpo físico, infantil é finalmente desmembrado, esfaçelado, destruído e abandonado para trás. O nascimento espiritual miraculosamente toma lugar e se faz presente. Amém.

Ao final da grande travessia, o coração se abre e o mundo se refaz novamente, agora mais límpido e luminoso. Maduro. Real. Todos os seres se tornam visceralmente iguais ao experienciador. Tu és isto. Agora os "desejos" e o "sujeito" são experienciados como eles verdadeiramente são: meros instrumentos para sempre dobrados pelo Espírito Santo.


Após a grande travessia, a linguagem continua a falar sobre coisas que não podem ser faladas. Mas, se não falarmos sobre o que não pode ser dito, o que resta?

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